CAFÉ: MERCADO DEVE TER CORREÇÃO, APÓS ALTA DE 6% NA SEXTA-FEIRA
São Paulo, 04/10/2021 - O mercado futuro de café arábica retoma negócios nesta segunda-feira na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), após forte alta de quase 6% na sexta-feira passada. O contrato para dezembro/21, o mais negociado, subiu 5% (970 pontos) ao longo da semana, encerrando acima de 200 centavos de dólar por libra-peso na sexta, a 204,05 cents.
Na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), os contratos futuros de café robusta também registraram boa alta na sexta. O vencimento novembro/21 subiu 1,98% (42 dólares), a 2.168 dólares a tonelada. O contrato para janeiro/22 também avançou 1,98% (42 dólares), a 2.161 dólares a t. O mercado de arábica em Nova York pode ter sido impulsionado por fatores técnicos, entre outros motivos. O contrato para dezembro/21 rompeu a resistência de 200 cents e ordens automáticas de compra foram acionadas, puxando as cotações. Com a alta brusca, os futuros de arábica devem ter uma correção, com suportes em 200 cents e 192,95 cents.
O ambiente externo também esteve favorável na sexta, com otimismo provocado pela notícia de que o molnupiravir, que a Merck desenvolveu, reduziu significativamente os riscos de hospitalização e morte pela covid-19. Bolsas subiram nos EUA e o petróleo avançou junto com outras commodities. Além disso, os fundamentos do café são altistas. A menor oferta global em relação à demanda deve manter as cotações sustentadas. O Brasil, maior produtor e exportador mundial do grão, registrou queda de 25,7% na safra deste ano, para 46,85 milhões de sacas, principalmente por causa da bienalidade negativa da cultura.
Isso tem se refletido nas exportações do grão pelo País. A exportação total café pelo Brasil (não torrado, torrado, extratos, essências e concentrados de café) no mês de setembro alcançou cerca de 2,976 milhões de sacas de 60 kg, o que corresponde a uma queda de cerca de 22% em comparação com igual mês de 2020, quando foram embarcadas perto de 3,821 milhões de sacas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), divulgados na sexta.
Em agosto, o Brasil exportou apenas 2,67 milhões de sacas, 25,2% a menos do que no mesmo mês de 2020, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Nos próximos dias, o Cecafé deve apresentar um levantamento dos embarques em setembro.
A diminuição dos estoques certificados de café na Bolsa de Nova York também têm chamado atenção,embora analistas considerem que ainda é cedo para cravar que seja uma tendência. O volume dos estoques caiu todos os dias da semana passada, acumulando 46.523 sacas, 2,2%, para 2.076.557 sacas.
Nesse contexto, os fundos de investimento aumentaram o saldo líquido comprado em café em Nova York, na semana encerrada em 28 de setembro. Esses participantes passaram de saldo líquido comprado de 37.144 lotes, no dia 21, para 41.512 contratos, no dia 28, considerando futuros e opções, mostrou na sexta relatório da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), com posicionamento de traders.
Já os fundos de índice elevaram o saldo líquido comprado no período, de 53.841 lotes para 54.613 contratos. Levando em conta apenas o mercado futuro, os fundos aumentaram o saldo líquido comprado de 60.118 lotes para 65.575 contratos.
O mercado continua de olho no clima nas regiões produtoras brasileiras, na expectativa de chuvas generalizadas que possam promover uma florada uniforme. A Somar Meteorologia informa que o fim de semana na Região Sudeste teve pancadas de chuvas típicas de primavera. Segundo a Somar, o tempo continua bastante instável no leste de São Paulo, com chuva frequente, nesta segunda-feira. No sul de Minas, Estado do Rio, sul do Espírito Santo e demais áreas de São Paulo, a previsão é de sol e pancadas de chuva ao longo do dia. O tempo fica firme no norte do Espírito Santo e no norte mineiro.
O dólar à vista fechou na sexta em queda de 1,42%, a R$ 5,3691. Assim, o dólar iniciou o mês outubro em terreno negativo, interrompendo uma sequência de sete pregões seguidos de alta. Segundo corretores, o diagnóstico é que o ambiente externo benigno, marcado por avanço dos mercados acionários e enfraquecimento global da moeda americana, abriu espaço para uma correção na taxa de câmbio, embora o clima ainda seja de cautela por causa da questão fiscal doméstica.
Os futuros de arábica em Nova York trabalharam em alta em boa parte do pregão de sexta. O vencimento dezembro/21 acabou fechando com forte valorização de 5,18% (1.005 pontos), a 204,05 cents. O mercado registrou máxima de 205,55 cents (mais 1.155 pontos) e mínima de 192,95 cents (menos 105 pontos).
Os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) informam em boletim diário que as cotações do café arábica e do robusta registraram alta na sexta-feira passada no mercado físico.
Segundo os pesquisadores, os preços do arábica foram impulsionados pelas altas dos futuros. O Indicador Cepea/Esalq do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, fechou a R$ 1.183,07 a saca, aumento de 4% ante o dia anterior. Na semana (de segunda-feira, 27, para a sexta-feira, 1º), o Indicador registrou forte elevação de 78,01 reais por saca (ou de 7%). O fechamento de sexta também é o novo recorde nominal da série histórica do Cepea, iniciada em 1996.
Quanto ao robusta, os valores subiram, influenciados pelo avanço do mercado futuro e pela retração vendedora. O Indicador Cepea/Esalq do tipo 6, peneira 13 acima, fechou a R$ 830,32 a saca, alta de 0,5% em comparação com o dia anterior. O tipo 7/8 encerrou a R$ 819,86 a saca, 0,7% superior no mesmo comparativo - ambos à vista e a retirar no Espírito Santo.
POr: DJ Joãozinho Grafista
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