CAFÉ: INCERTEZAS DEVEM MANTER MERCADO VOLÁTIL; FUNDOS MAIS COMPRADOS
São Paulo, 18/10/2021 - O mercado futuro de café arábica retoma negócios nesta segunda-feira na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), depois de uma semana de alta volatilidade. O contrato para dezembro/21 oscilou 1.845 pontos, entre a máxima (215,15 centavos de dólar por libra-peso, terça-feira, dia 12) e a mínima de 196,70 cents (segunda, dia 11). Entre outros fatores, o mercado está de olho no clima no Brasil, nível dos estoques, posicionamento dos fundos de investimento na Bolsa de Nova York e fatores técnicos.
Depois de fim de semana com tempo encoberto e pancadas de chuvas na Região Sudeste, que concentra a produção de café do Brasil, a previsão é de mais chuvas nesta semana, o que favorece as floradas dos cafezais e é baixista para o mercado. Segundo a Somar Meteorologia, nesta semana, "a chuva mais intensa prosseguirá sobre Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Em contrapartida, o acumulado diminuirá no Paraná e em São Paulo", prevê a Somar.
Os fundos de investimento aumentaram o saldo líquido comprado em café em Nova York, o que também é negativo para as cotações, se esses participantes decidirem liquidar parcela dessa posição. Os fundos passaram de saldo líquido comprado de 43.940 lotes no dia 5 de outubro para 47.618 contratos no dia 12, nível mais altos dos últimos anos, considerando futuros e opções, mostrou na sexta relatório semanal da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), com posicionamento de traders.
os fundos de índice elevaram o saldo líquido comprado no período, de 54.680 lotes para 55.050 contratos. Levando em conta apenas o mercado futuro, os fundos aumentaram o saldo líquido comprado de 66.571 contratos para 69.085 lotes.
A Associação de Café Verde dos Estados Unidos (GCA, na sigla em inglês) divulgou na sexta que o volume teve queda de 107.561 sacas de 60 kg em setembro, totalizando 6.022.923 sacas, o que é positivo para o mercado. Ao fim de agosto, o estoque era de 6.130.484 sacas.
O estoque certificado de café na Bolsa de Nova York registrou diminuição de 1.394 sacas na sexta, para 1.920.410 sacas. O corretor Thiago Marques Cazarini ponderou em relatório da semana passada que o uso de estoques da ICE US tem desacelerado; em contrapartida, houve aumento considerável no volume de grãos pendentes por certificação.
Pelos gráficos, os futuros de arábica com vencimento em dezembro/21 continuam com tendência positiva. O objetivo do mercado é a máxima de 26 de julho passado, a 217,85 cents (máxima de 26 de julho passado). Outros objetivos estão em 221 cents e 238 cents. Na parte de baixo, os suportes são de 200 cents, 195 cents e 186 cents. O analista Marcelo Fraga Moreira, disse em relatório que continua "acreditando em preços entre 250 cents e 300 cents até o vencimento do contrato maio/22.
O dólar, à vista, fechou na sexta em queda firme, de 1,11%, cotado a R$ 5,4547. Com o tombo, a divisa norte-americana fechou a semana em queda 0,77% e avanço de apenas 0,16% em outubro. Segundo corretores, o efeito cumulativo das intervenções do Banco Central minou o fôlego do dólar no mercado doméstico.
Os futuros de arábica em Nova York trabalharam em baixa em boa parte do pregão de sexta. O vencimento dezembro/21 acabou fechando com desvalorização de 2,8% (585 pontos), a 203,40 cents. O mercado registrou máxima de 211 cents (mais 175 pontos) e mínima de 202,75 cents (menos 650 pontos).
Entre outras notícias, o Ministério da Agricultura informou ter sido definido, em reunião extraordinária do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), as condições para a liberação de R$ 1.318.582.400 do Funcafé para financiar os produtores que tiveram perdas com a geada que atingiu regiões produtoras de café. A medida será votada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para essa linha de crédito, a taxa de juro está mantida em 7% ao ano. Para a recuperação e replantio das áreas afetadas o orçamento deverá acompanhar de laudo técnico expedido por engenheiro agrônomo acreditado pelo agente financeiro ou pela Empresa Estadual de Assistência Técnica, disse a pasta. Para o financiamento do replantio será exigido o enquadramento no zoneamento de risco climático em áreas que sejam aptas para a atividade cafeeira.
Os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) informam em boletim diário que as cotações do café arábica e do robusta caíram na sexta no mercado físico. Segundo os pesquisadores, os preços foram pressionados pelo recuo dos futuros de ambas as variedades. Além disso, o dólar também se desvalorizou, influenciando na pressão sobre as cotações. Com isso, agentes mantiveram-se distantes das negociações.
O Indicador Cepea/Esalq do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, fechou a R$ 1.233,94 a saca, baixa de 0,7% ante o dia anterior.
Por: DJ Joãozinho Grafista
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