Luiz Gonzaga Mineiro
É primavera! A natureza floresce num colorido bailado.
Há uma umbilicalidade entre flor e semente.
Logo é a estação de recriação da vida.
O tempo é de mudanças. Precisamos aprender.
As estações refletem comportamentos diferenciados.
As pessoas pouco ou nada mudam. Aliás, poucos percebem as nuances da natureza. Continuam olhando a vida como uma disputa, uma guerra.
Neste momento de primavera, nesta nossa aldeia, há diferenças, a sabedoria aconselha a construção de igualdades.
Há bondade e beleza quando
há honestidade, sinceridade e amizade.
Eu, modestamente, sugiro uma nova ordem comportamental, uma guinada na bela arte de viver cotidianos. Fazer da primavera o tempo do agradecimento. Faça uma ceia, mesmo que seja virtual. Convide os amigos distantes, os próximos que se afastaram, por conceitos, ideologias ou valores circunstanciais, os íntimos. Vista a mesa com uma longa toalha branca.
Um arranjo de flor do campo, bem singelo. Homenageie a paz, convide a esperança e a harmonia para a comunhão dos iguais. Reparta, compartilhe, é primavera Esta é uma boa estação para a reflexão. Haverá sempre um cenário colorido para emoldurar a vida. Portanto, ofereça gratidão à aqueles que te criticam, que não te compreendem, que não te percebem. Valorize o teu contrário, pode ser apenas contraditório. Atenção, especial aos inimigos declarados, deixe um lugar de honra à mesa. Eles estão ávidos por sentar com você. Todos querem amizade. Abra a porta. Reconquiste os afastados, renove velhas amizades. Supere mal entendidos. Convide a coragem e reserve um lugar à mesa para o medo, ele tem lá sua importância.
Num cesto de pão sirva humildade,
fraternidade e gratidão. Agradeça aos próximos, aos distantes, aos
adversários e, aos concorrentes.
É primavera, tempo de despir de vaidades. Olha pára cima, para baixo,
para os lados, compreenda tamanhos. A dimensão humana é medida pela
capacidade de amar, perdoar. Numa taça de vinho misture humildade e
felicidade, brinde com todos!
Vista uma roupa florida, é primavera, enfeite a
alma. Seja grato ao azul ao verde, ao vermelho, ao amarelo pelo colorida da vida. Compreenda
diferenças, seja grato às pluralidades. Evite lugares comuns e preconceitos.
Convide à todos para agradecer a vida, seja grato a saúde, ao sol, a chuva, a lua, ao vento, ao fogo e a água.
Agradeça, seja grato, obrigado. Obrigado. Comece em casa, agradecendo filhos, companheiro, pais netos e com a modernidade, agregados.
Patrões, empregados, colegas, lixeiros, manicure, professores, alunos, padeiro, dentista... Entre tantos outros, merecem gratidão e lugar à mesa. Vizinhos não podem faltar. Mande um email, um "uatizape", uma carta, uma foto antiga. Se não pode ser direto, use um amigo como porta voz, terceirize a gratidão. Dispense formalidades, seja simples direto e diga obrigado. Muito obrigado. Todos saberão por que. Há perspectiva de verão. Antecipe a estação com seu calor humano.
Mesa posta, convidados presentes, façam silenciosa uma prece ecumênica. Seja generoso na fé, dispense crenças.
Neste momento de primavera, nesta nossa
aldeia, há diferenças, a sabedoria aconselha a construção de
igualdades.
Há uma condição imutável, seja verdadeiro.