CAFÉ: MERCADO PODE TER RECUPERAÇÃO COM FUNDOS MENOS COMPRADOS
São Paulo, 23/06/2021 - O mercado futuro de café arábica registrou queda ontem na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), com o avanço da colheita no Brasil, real fortalecido em relação ao dólar, fatores técnicos, entre outros motivos. O vencimento setembro/21, o mais negociado, caiu cerca de 1,3%, a 152,10 centavos de dólar por libra-peso.
O
inverno no Hemisfério Sul começou às 00h32 de segunda-feira (21) e se estende
até 16h21 de 22 de setembro, pelo horário de Brasília (DF). Segundo a Somar
Meteorologia, a estação tende a ser mais quente que a média no Sudeste do País,
região que concentra a produção de café. "Apesar disso, algumas massas de
ar frio são esperadas ao longo da estação, derrubando a temperatura
especialmente entre São Paulo e o Sul de Minas", prevê a meteorologia.
"O maior risco de geada é para agosto", estima a Somar.
Os
pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
(Cepea/Esalq/USP) informam em boletim que a colheita da safra 2021/22 do café
arábica começa a ganhar ritmo no Brasil. Até a semana passada, as atividades
estavam mais avançadas na Zona da Mata (MG), onde de 20% a 30% da produção total
esperada havia sido colhida. Em Garça (SP), no sul de Minas e no Noroeste do
Paraná, de 10% a 20% dos cafés haviam sido colhidos até o fim da semana
passada. Na Mogiana (SP) e no Cerrado Mineiro, os trabalhos atingiam entre 5% e
15% da produção esperada.
Já
a colheita de café conilon (robusta) alcançava de 75% a 85% da safra de 2021/22
em Rondônia e de 55% a 65% no Espírito Santo.
A
volta parcial da exportação de café pela Colômbia, após fim dos protestos que
marcariam 60 dias no próximo dia 28, contribui para pressionar a cotação do
café em Nova York. No entanto, analistas consideram que os embarques do segundo
maior produtor mundial de arábica só deverão ser retomados plenamente em 30 a
60 dias.
O
dólar terminou ontem em baixa de 1,13%, cotado em R$ 4,9661, o que também
favorece a queda dos mercados de commodities cotados na moeda norte-americana.
Foi a primeira vez que o dólar encerrou um pregão abaixo de R$ 5,00 desde 10 de
junho de 2020, quando terminou em R$ 4,93. Segundo corretores, fatores internos
e externos pressionam a moeda.
Internamente,
a sinalização na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem,
de que o ritmo de elevação da Selic já poderia ter se intensificado na reunião
da semana passada levou instituições a aumentarem a aposta de juros mais altos
no Brasil, o que torna o País mais atrativos para o capital externo.
No
exterior, presidente do Federal Reserve (FED, banco central dos EUA), Jerome
Powell, em depoimento no Congresso afastou alta de juros "preventiva"
e afirmou que os fatores que pressionam a inflação perderão fôlego e o quadro
deve se normalizar, sinalizando que não há pressa para elevar os juros.
Nesse
contexto, os fundos de investimento diminuíram o saldo líquido comprado em café
em Nova York, apostando em queda dos preços, conforme mostrou na segunda-feira
relatório da semanal da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities
(CFTC), com posicionamento de traders. Esses participantes passaram de saldo
líquido comprado de 40.297 contratos no dia 8 para 34.703 lotes no dia 15,
considerando futuros e opções.
Já
os fundos de índice cortaram o saldo líquido comprado no período, que passou de
75.962 contratos para 74.121 lotes. Levando em conta apenas o mercado futuro,
os fundos reduziram o saldo líquido comprado de 68.404 lotes para 63.152
contratos.
Tecnicamente,
os contratos de arábica para setembro/21 têm suporte em 149,15 cents (mínima do
mês). Na parte de cima, as resistências estão em 155,55 cents e 160 cents.
Entre
outras notícias, a safra de café em Uganda, principal exportador da commodity
na África, deve alcançar volume recorde de cerca de 8,1 milhões de sacas na
temporada 2020/21. O resultado é influenciado pela boa produtividade das
plantações, além das condições climáticas favoráveis.
Segundo
os pesquisadores, a baixa no mercado nacional de arábica foi influenciada pela
forte desvalorização do dólar em relação ao real, pela queda externa das
cotações e pela menor presença de compradores no spot nacional. O Indicador
Cepea/Esalq do tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista,
fechou a R$ 826,92 a saca, recuo de 0,26% em relação ao dia anterior.
Para
o robusta, o ritmo de negócios esteve bem lento, o que enfraqueceu as cotações
da variedade, disse o Cepea. O Indicador Cepea/Esalq do tipo 6, peneira 13
acima, fechou a R$ 483,58 a saca, baixa de 0,2% ante o dia anterior. Para o
tipo 7/8, a média foi de R$ 472,02 a saca, praticamente estável no mesmo comparativo
- ambos à vista e a retirar no Espírito Santo.
Por: DJ Joãozinho Grafista
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