Agência AMP: Estamos caminhando para a
finalização do tempo quaresmal. A liturgia nos apresenta textos bíblicos que
são de uma riqueza incomparável. Os textos litúrgicos nos ajudam a entrar e
celebrar o mistério grandioso de Deus Pai, revelado em Jesus Cristo seu Filho,
e comunicado pelo Espírito Santo. O evangelho apresenta-nos a figura de uma
mulher que fora pega em adultério e conduzida a Jesus para ele dar-lhe a
sentença de morte. Na verdade os mestres da lei e fariseus trazem-na a Jesus
para testá-lo, pois a lei mandava apedrejar mulheres flagradas em
adultério. O desejo destes homens da lei
não era saber a vontade de Deus para ajustar-se a ela, mas ter algo concreto
para incrimar Jesus. De um lado Jesus não poderia ficar contra a lei, o que
seria um pretexto para acusá-lo de blasfêmia, e de outro lado todos conheciam
sua ação misericordiosa para com os pecadores. Jesus silencia, inclina começa a
escrever no chão. Jesus se inclinou para
que de alguma maneira chegar ao nível daquela que se encontrava ao chão, aos
olhos da condenação e ao mesmo tempo lhe passar tranquilidade. Depois se levanta e lança a sentença: “Quem dentre vós não tiver pecado seja o
primeiro a atirar-lhe uma pedra”.
Sem deixar de usar da misericórdia Jesus aplica o juízo de Deus. O juízo
de Deus deve primeiramente ser aplicado neles mesmos, só depois aos outros.
Grande lição para nós, que também andamos pela vida com as mãos cheias de
“pedras”, para lançar sobre os outros se esquecendo de olhar para dentro de nós
mesmos e refletir à luz de Deus nossa própria conduta. Somos todos pecadores, ninguém é digno de condenar ninguém. Nossa
índole é má. Todos nós precisamos de conversão. Diante da sentença a começar
pelos mais velhos, todos retiram-se. Jesus olha para aquela mulher que se
encontra paralisada, inerte e diz: “mulher
ninguém ti condenou? Ninguém disse
ela. Eu também não ti condeno. Podes ir
e de agora em diante, não peques mais”.
Jesus não admite o pecado daquela mulher.
Pecado é sempre pecado, porém oferece o remédio a cura para a vida
doente daquela mulher. Ele oferece o amor e a misericórdia. Os fariseus querem
aplicar a lei, Jesus não nega a lei, contudo antes da lei deve estar o amor e a
misericórdia acima de toda e qualquer lei. Deus é fiel e justo. A justiça de
Deus é feita de perdão e de orientação para a mudança de vida: “NÃO PEQUES MAIS”. Não é a lei que converte, mas sim, o amor e a
misericórdia. Jesus nunca negou a lei,
porém o fundamento de toda lei deve ser o amor e misericórdia, elas são capazes
de gerar vida nova. Segundo a lei aquela
mulher merecia a morte, na ótica do Deus da vida, revelado em Jesus devemos
ajustar nossa vida a vontade de Deus. Deus não quer a morte do pecador, mas que
este se converta e viva. O evangelho
leva-nos a refletir sobre nossa intransigência, hipocrisia, sempre dispostos a
julgar e a condenar os outros. Jesus denuncia a lógica perversa daqueles que se
sentem perfeitos e autossuficientes, sem reconhecerem que estamos todos a
caminho e que, enquanto caminhamos, somos imperfeitos e limitados. É preciso
reconhecer, com humildade e simplicidade, que necessitamos todos da ajuda do
amor e da misericórdia de Deus para chegar à vida plena do Homem Novo. A
única atitude que faz sentido, neste esquema, é assumir para com os nossos
irmãos a tolerância e a misericórdia que Deus tem para com todos os
homens. “Eu não te condeno”, disse Jesus. A dinâmica de Deus é uma dinâmica
de misericórdia, pois só o amor transforma e permite a superação dos limites
humanos. É essa a realidade do Reino de Deus. Apliquemos sempre sentença de
Jesus sobre nós mesmos: “Quem não tiver
pecado, que atire a primeira pedra”. Coloquemos as pedras do julgamento
diante de Jesus crucificado e peçamos perdão de nossos pecados.
Por: Pe. Reginaldo da Silva / Direto da
Diocese de Guaxupé
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