Agência AMP: No evangelho deste domingo
um especialista em religião, mestre da lei, aproxima-se de Jesus para
perguntar-lhe o que ele deveria fazer para receber em herança a vida eterna.
Jesus recorda-lhe o caminho, que aquele homem conhece muito bem, pois ele é um
doutor da Lei, um conhecedor e, seguramente, um fiel observante da Lei. Jesus
questiona-o dizendo: “o que está escrito na Lei? Como lês?”. O mestre da lei
responde que os mandamentos se resumem em amar a Deus acima de tudo como, o
absoluto, e o próximo como a si mesmo. A dúvida do mestre da Lei vai, no
entanto, mais fundo: “e quem é o meu próximo?” Jesus ao invés de argumentar,
conta uma história, o bom samaritano. Na época de Jesus, os mestres de Israel
discutiam, precisamente, quem era o “próximo”. Naturalmente, havia opiniões
mais abrangentes e opiniões mais particularistas e exclusivistas, mas havia
consenso entre todos no sentido de excluir da categoria “próximo” os inimigos.
De acordo com a Lei, o “próximo” era apenas o membro do Povo de Deus, da mesma
raça, da mesma fé. Jesus tem uma perspectiva diferente a respeito do conceito
próximo. É precisamente para explicar a sua perspectiva que Jesus conta a
“parábola do bom samaritano”. Um homem não identificado, não se diz quem é, sua
raça, qual a sua religião, mas apenas que é “um homem”, com toda certeza é um
judeu, foi assaltado pelos bandidos e
deixado caído na beira da estrada, quase morto. Trata-se, portanto, de um homem
ferido, abandonado, necessitado de ajuda. Por ali passa um sacerdote, e um
levita. Ambos passaram adiante, talvez até por atitudes justificáveis tais
como: o medo de enfrentar a mesma sorte, ou as preocupações com a pureza legal
(que impedia contactar com um cadáver), ou a pressa, ou a indiferença diante do
sofrimento alheio, tudo impede-os de parar, prestar socorro. Apesar dos seus
conhecimentos religiosos, não têm qualquer sentimento de misericórdia por
aquele homem. Eles sabem tudo sobre
Deus, lidam diariamente com Deus, mas, afinal, não sabem nada de Deus, pois não
sabem nada de amor. A sua religião é uma religião oca, de ritos estéreis, de
gestos vazios e sem sentido, de cerimônias faustosas e solenes, mas não tem
nada a ver com o amor, com o coração. Por fim passa por aquela estrada um
samaritano, que é inimigo dos judeus. Trata-se de um desses que a religião
tradicional de Israel considerava um inimigo, um infiel, longe da salvação e do
amor de Deus. No entanto, foi ele que parou, sem medo de correr riscos ou de
adiar os seus esquemas e interesses pessoais, que cuidou do ferido e que o
salvou. Apesar de ser um herege, um excomungado, mostra ser alguém atento ao
irmão necessitado, com o coração cheio de amor e, portanto, cheio de Deus. Este
sem se importar, com as origens, cor, raça, sexo, religião, condição social,
desce do seu cavalo, e movido pela compaixão presta-lhe o socorro necessário.
Não pergunta quem ele é primeiro trata de ajudá-lo. A vida daquele que estava
caído é maior que todas as diferenças ideológicas, que possa existir. Ele se faz próximo daquele que estava
caído no caminho, é solidário com ele, se torna próximo dele. “Ao terminar
a história Jesus pergunta: “qual dos três foi o próximo daquele que caiu nas
mãos dos assaltantes?”Aquele que usou de misericórdia para com o que estava
caído, responde o mestre da lei. Jesus lhe diz: “vai e faze a mesma coisa”.
Portanto, para alcançar a vida eterna é preciso amar a Deus e amar o próximo. O “próximo” é qualquer um que necessita de
nós, seja amigo ou inimigo, conhecido ou desconhecido, da mesma raça ou doutra
raça qualquer; o “próximo” é qualquer irmão caído nos caminhos da vida que
necessita, para se levantar, da nossa ajuda e do nosso amor. Neste gesto do
samaritano, a Igreja de todos os tempos, a comunidade dos que caminham ao
encontro da vida plena, da salvação, reconhece um aspecto fundamental da sua
missão: a de levantar todos os homens e mulheres caídos nos caminhos da vida.
Não podemos escolher os nossos próximos, ou seja, escolher a quem ajuda.
Devemos ser próximos de quem encontramos. Deus nos colocou perto destas pessoas
para os tratarmos com o mesmo amor gratuito que ele nos dedica. Deus se torna
próximo de nós, no irmão necessitado que de nós se aproxima. Estejamos atentos
para não negar-lhe nosso amor com nossas atitudes, e depois com a boca dizer
que o amamos. Amemos a Deus com um amor único e absoluto, manifestemos nosso
amor a ele servindo quem de nós precisar.
Por: Pe. Reginaldo da Silva / Direto da
Diocese de Guaxupé
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