Agência AMP: O evangelho deste domingo,
narra o episódio onde Jesus é convidado para uma refeição na casa de Marta e
Maria. O ensinamento que transparece no evangelho é o da hospitalidade.
Revela-nos que a verdadeira hospitalidade não consiste em preparar muitas
coisas, mas em acolher a pessoa, que é o verdadeiro dom. Saber ouvir, buscar o
essencial, para não cair num ativismo louco, e desenfreado. Marta e Maria são os
protótipos do modo de agir do discípulo. Marta encarna o tipo de discípulo
superativo, porém incapaz de reconhecer a necessidade de discernir, antes de
agir. Lança-se no trabalho, de corpo e alma, sem se dar ao trabalho de saber
qual a vontade de Deus. Como Marta, muitos discípulos fazem mil coisas e estão
sempre atarefados, stressados. Marta ao reclamar de sua irmã Maria que estava
aos pés de Jesus, deixando-a sozinha nos afazeres, recebe uma advertência:
“Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém uma só
coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte”. Não é pelo fazer que Jesus
corrige Marta. Mas é o como se faz, seu ativismo. O trabalho realizado desta maneira produz
vazio. A pessoa se esgota e não vê frutos do que se faz. O importante é
acolher, escutar a Palavra. A ação cristã deverá partir da escuta e do
acolhimento da Palavra, da pessoa de Jesus. “Sem mim nada podeis fazer”, disse
o mestre. A vida moderna tem gerado, ansiedade, stress e descontrole em muitos
de nós. O nosso tempo vive-se a uma velocidade estonteante. Para ganhar uns
minutos, arriscamos a vida porque “tempo é dinheiro” e perder um segundo é
ficar para trás ou deixar acumular trabalho que depois não conseguimos
“digerir”. Comemos de pé ao lado de
pessoas para quem nem olhamos, chega-se em casa enervados, vencidos pelo
cansaço e pelo stress, sem tempo e sem vontade de brincar com os filhos ou de
lhes ler uma história e dormimos algumas horas com a consciência de que amanhã
tudo vai ser igual. Na vida religiosa corre-se os mesmos riscos. No ativismo corre-se o perigo de se prestar um serviço a si mesmo.
Sem se dar conta, começa a tratar o outro como mero produto, como coisa,
objeto. O centro de nossa preocupação
não deve ser nossa atividade, mas a pessoa humana que nos é dada e que nós devemos
recebê-la como dom de Deus. O ativismo afasta-nos da proposta do Reino, que é a
valorização da pessoa, o cuidado com a vida, a gratuidade e hospitalidade. Maria
é o exemplo do discípulo que se põe a escutar o mestre, antes de qualquer
atividade, para não correr o risco de agir em vão. Ela esta sentada aos pés de
Jesus. Antes de fazer, ouvir, acolher eis o segredo da missão seja ela qual
for. O agir deverá ser fruto da comunhão com Jesus. O fundamento da ação do
discípulo estará no escutar o Mestre, saborear sua presença, inebriar-se com
sua Palavra. O ativismo leva ao agir
impensado, e pode levar ao desvio da proposta do Reino. Corre-se o risco de
escolher a pior parte, sem nenhuma importância, e com toda certeza o conduzirá
a frustração. O verdadeiro acolhimento passa por dar atenção àquele que veio ao
nosso encontro, escutá-lo, partilhar com ele, a fazê-lo sentir o quanto nos
preocupamos com aquilo que ele sente. “Maria escolheu a melhor parte”, disse
Jesus. Ela “perdeu tempo”, para escutar antes de fazer. Portanto, reservar
tempo para escutar a Palavra, para nos retirarmos no segredo do nosso coração
para rezar, não é perder tempo. É enraizar a nossa ação em Deus, valor essencial,
capaz de vivificar nossas ações, para que ela dê fruto na vida eterna. Não é
preciso opor Marta e Maria, mas uni-las, vivificar o serviço de uma pela escuta
atenta da Palavra. ACOLHER, ESCUTAR para depois agir.
Por: Pe. Reginaldo da Silva / Direto da
Diocese de Guaxupé
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