Lincoln Vieira Tavares
Tomemos o Evangelho de Jesus, o Novo
Testamento, como exemplo e poderemos
verificar a visão dos evangelistas a respeito do Divino Mestre.
Mateus via Jesus como o legítimo Messias, herdeiro do trono
de Israel, aquele prometido por Yaveh, e assim natural que fizesse inúmeros
milagres, por ser detentor de todo o poder divino.
Marcos o considerava como um super homem de ação, que sofreu
pela humanidade, cumprindo uma grande missão divina, e como não o conheceu pessoalmente,
baseou-se em informações obtidas.
Lucas, sendo médico, e também não tendo conhecido Jesus,
percebeu no Mestre um grande médico, assim relata em seu evangelho, as inúmeras
curas por ele realizadas.
Os evangelhos escritos pelos evangelistas citados acima têm
o nome de sinópticos, que significa
semelhantes, por conterem passagens que podem ser comparadas.
Mesmo assim, a visão
a respeito da missão de Jesus é completamente diferente.
Já o evangelista João, que conviveu com Jesus, em visão
completamente distinta, tomou do Divino Mestre a essência maior da grande
filosofia da doutrina do amor e do perdão, e da profundidade de seus
ensinamentos.
Assim somos todos nós.
Cada criatura tem uma visão diferente a respeito de uma
mesma pessoa, situação, ou acontecimento com que possa conviver ou participar.
Participantes hoje da
Doutrina Espírita, devemos entender da diversidade de entendimentos, não
somente por parte dos companheiros espíritas, mas também daqueles que chegam ao movimento, e hoje em
dia em grande número, principalmente em reuniões chamadas de atendimento
fraterno nos Centros Espíritas.
Grande responsabilidade caberá aos expositores espíritas no
sentido de bem dosarem as palestras, entendendo que cada um dos presentes já
carrega um determinado entendimento, possuindo uma visão diferente a respeito da finalidade
da vida humana, muitas vezes já tendo percorrido outras escolas religiosas ou
filosóficas.
Assim, importante o esclarecimento sempre com base nos
evangelhos e na codificação espírita, de modo claro, não muito longo, com
exposição onde se busque exemplos práticos, com base em nossa vida diária,
evitando-se críticas a quaisquer denominações religiosas ou filosóficas
existentes, ou personalidades outras.
Também o cuidado necessário para não se colocar como sendo a
Doutrina Espírita a única solução possível para a humanidade, espécie de
salvação, o que contraria os postulados de Allan Kardec, conforme temos
estudado, mas sim como um dos roteiros
seguros para nortear nossas vidas, sendo necessário vigiar e orar, buscando a
reforma interior de cada um de nós.
Como a visão de cada um é diferente, em diversos aspectos, a
tarefa doutrinária expositiva espírita não poderá se revestir de uma espécie de
receita pronta, mas ser adaptável a cada
ambiente, de acordo com a sensibilidade de quem for incumbido do trabalho.
Peçamos sempre o auxílio do mais alto, a fim de que a espiritualidade superior possa nos
inspirar, sob a égide de Jesus e as bênçãos de Deus, nesse sentido.
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