É PRECISO PERMANECER FIRMES NA FÉ EM TEMPO DE TRIBULAÇÃO (Lc 21,5-19)
O evangelho deste domingo traz uma parte
do discurso escatológico de Jesus. Ele faz um alerta aos seus discípulos das
coisas que irão acontecer, e adverte-os como devem se preparar para enfrentar o
tempo de perseguição e tribulação. Este tempo em que fala Jesus será o tempo
entre a sua partida (morte e ressurreição), e da sua segunda vida (parusia). Este
período será marcado por vários acontecimentos que não deverão “perturbar” seus
discípulos. Quais serão os acontecimentos que marcarão a espera pelo Senhor?
Jesus fala de guerras, revoluções, terremotos, fomes e pestes. Ele alerta-nos
que todas estas coisas continuarão a existir, porque fazem parte integral da
história humana. Deus não será a causa destes sofrimentos, mas serão sempre
consequências do próprio homem, fechado ao projeto salvífico do criador. O
primeiro sinal será a destruição do templo, “não ficará pedra sobre pedra. Tudo
será destruído”. A destruição da cidade e do Templo significa que Jerusalém
deixou de ser o lugar exclusivo e definitivo da salvação. A Boa Nova de Jesus
vai, portanto, deixar Jerusalém e partir ao encontro de todos os povos. Começa,
assim, outra fase da história da salvação: começa o “tempo da Igreja”, o tempo
em que a comunidade dos discípulos, caminhando na história, testemunhará a
salvação a todos os povos da terra. A
morada de Deus não será mais no templo de Jerusalém, o templo de Deus será seu
próprio Filho, Jesus Cristo. A destruição do templo é símbolo das forças do
mundo, que são todas passageiras, fadadas ao fracasso. Todas as coisas e
lugares em relação a Jesus serão todas efêmeras. É o desmoronar de um mundo, de
uma tradição, de um costume. Estas coisas não devem perturbar o coração do
discípulo fiel, pois cada século traz consigo desabamentos, que envolvem
gerações inteiras. Jesus pede também aos seus seguidores o cuidado para não se
deixar seduzir por pessoas que semeiam o medo e o juízo implacável de Deus. São
falsos profetas, falsos visionários que anunciam catástrofes, tragédias com
visões apocalípticas, semeando medo e lançando ameaças ao povo. “É preciso que
essas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim”, disse-nos o mestre
da vida. As destruições apontam para um mundo novo, um tempo de esperança.
Talvez para os que não creem seja um momento de medo, de pavor, mas para os que
creem será o tempo de libertação, de olhar com esperança e fé para o futuro. É
tempo de olhar para o horizonte, olhar para frente, pois a história caminha
para sua finalização. Nosso fim é Deus, e seu amor infinito. O fim da nossa
história é o encontro definitivo, e pleno com Jesus, nosso senhor e salvador.
Para aqueles que não o conhecem, poderá ser um encontro com um juiz severo,
para os que creem autentica e verdadeiramente, será um encontro de amor. Entre a queda de Jerusalém e a segunda vinda
de Jesus, o evangelho aponta para um tempo de perseguições. O “Reino de Deus”
irá se manifestar em meio a estas fases turbulentas da história. O cristão não deverá estar de braços cruzados
a espera que Deus faça tudo, mas devem empenhar-se na sua construção de um
mundo novo, sem medo de enfrentar a vida. Deverá estar com olhos abertos e
coração atento aos sinais da história. Trabalhando arduamente, esperando em
estado vigilância e de fé. Com determinada e santa teimosia anunciará em meio aos
destroços do mundo a vida que estará renascendo. Pois, o mundo velho
desaparecerá e nascerá um mundo novo. Para gerar este mundo novo, surgirá as
perseguições, acompanhadas de mortes, por causa de Jesus e do seu projeto, o
Reino. O discípulo deverá estar disposto a percorrer o caminho do mestre. Dar a
vida, por amor a Jesus. A perseguição contra os eleitos de Deus será o momento
oportuno para testemunhar o valor da vida, e seu sentido último. Neste momento
os eleitos não deverão preocupar-se em defender-se, pois Deus será sua defesa.
Ele dará forças e os animará a dar a vida, a serem firmes diante da maldade
humana. Deus não deixará que nem um fio de cabelo da cabeça se perca, nada se
perderá. O Senhor quando retornar dará a recompensa aos seus servidores que
foram fiéis e permaneceram firmes no momento de tribulação. A perseguição será
a oportunidade do discípulo de testemunhar seu amor ao seu Senhor. A
perseverança será a marca registrada pelo cristão nestes momentos dolorosos da
história. Os discípulos nada deverão temer: haverá dificuldades, mas eles terão
sempre a ajuda e a força de Deus.
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