NINGUÉM É DONO DE DEUS!
DEUS É PARA TODOS (Mc 9, 38-48)
Agência AMP: No
evangelho deste domingo Jesus desafia a comunidade cristã a não monopolizá-lo,
a não enquadrá-lo, como sendo propriedade exclusiva de uma Igreja ou
grupo. O apóstolo João, o porta-voz do
grupo, queixa-se pelo fato de terem encontrado alguém a “expulsar demônios” em
nome de Jesus, sem pertencer ao grupo
dos discípulos. Os discípulos o proíbem. Jesus exorta-os “não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois
falar mal de mim. quem não é contra nós esta a nosso favor”. Ele adverte os discípulos a terem cuidado, para
não buscarem ser “donos de Deus” ou querer controlar a ação de Deus. Ninguém é
dono de Jesus, ele não é monopólio de nenhuma pessoa ou comunidade. O Espírito
Santo sopra onde quer, quando quiser (Jo 3, 8). A atitude dos discípulos
mostra arrogância, intransigência,
intolerância, ciúmes, mesquinhez, pretensão de monopolizar Jesus e a sua
proposta, presunção de serem os donos exclusivos do bem e da verdade. Jesus
aponta o caminho aos seus seguidores, sua Igreja deve ser uma comunidade
aberta, acolhedora, tolerante, capaz de aceitar como sinais de Deus os gestos
libertadores que acontecem no mundo. Jesus procura levar os discípulos a
ultrapassar esta visão intolerante e egoísta da missão. Na perspectiva de
Jesus, quem luta pela justiça e faz obras em favor do homem, está do seu lado e
vive na dinâmica do Reino, mesmo que não esteja formalmente dentro da estrutura
eclesial. A comunidade de Jesus não pode ser uma comunidade fechada, exclusivista,
monopolizadora, que sente ciúmes quando alguém de fora faz o bem, nem pode
sentir-se atingida nos seus privilégios e direitos pelo fato de o Espírito de
Deus atuar fora das fronteiras da Igreja. A comunidade de Jesus deve
ser uma comunidade que põe, acima dos seus interesses, o bem comum, necessita
ser uma comunidade que sabe acolher, apoiar e estimular todos aqueles que atuam
em favor da libertação dos irmãos. Depois de instruí-los o Mestre aponta o
que deve ser a preocupação dos discípulos: não provocar escândalos, cuidar dos
pequeninos e cortar da comunidade as atitudes que a destroem. “Se alguém escandalizar algum destes
pequeninos que creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de
moinho”. Escandalizar na nossa cultura é dar um mau exemplo, um contra
testemunho levando as pessoas a revolta e ao afastamento de Deus da comunidade.
Os “pequeninos” do evangelho são os membros da comunidade que estão numa
situação de dependência, de debilidade, de necessidade. Tais como os pobres, os
que falharam, os que têm atitudes moralmente reprováveis, aqueles que têm uma
fé pouco consistente, aqueles que a vida marcou negativamente, aqueles que a
sociedade marginaliza e rejeita. Fazer
algo que afaste uma dessas pessoas de Cristo e da comunidade é algo
verdadeiramente inadmissível e impensável.
Jesus exige dos discípulos o
corte radical com os valores, os sentimentos, as atitudes que são incompatíveis
com a opção pelo Reino. Quando Jesus fala em cortar a mão (ação) ou de cortar o
pé (caminhos errados) ou de arrancar o olho (cobiça) que é ocasião de pecado,
está a sublinhar, com toda a veemência, a necessidade de atuar, lá onde as ações
más do homem têm origem e eliminar na fonte as raízes do mal. O seguidor de
Jesus não pode estar compactuado com o pecado. O pecado não pode fazer parte da
vida do cristão. A pessoa de bem que se preze luta contra o pecado e o mal. Estando
em jogo o destino último do homem, não se pode protelar ou adiar “cortes”
importantes nas atitudes de egoísmo e de autossuficiência que afastam os homens
de Deus e da vida plena. Para falar de uma vida perdida, frustrada, destruída,
maldita, sem sentido. Quem não for capaz de cortar com o egoísmo, o orgulho, a
injustiça, é como se, em lugar de viver num lugar livre e feliz, estivesse
condenado a viver na “Geena” (vale situado a sudoeste de Jerusalém, onde era
queimado o lixo produzido pelos habitantes da cidade). Jesus coloca-nos diante
da nossa liberdade. Se escolhermos o
Reino, devemos aceitar as suas exigências, que se resumem numa única palavra
AMAR. Somos convidados a amar com todo nosso ser: com nossas mãos para partilhar, com os nossos pés para
reencontrar, com os nossos olhos para olhar. Cabe a cada um de nós fazer com
que todo o nosso ser responda aos apelos de Deus.
Por: Pe. Reginaldo da Silva
Por: Pe. Reginaldo da Silva
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