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O QUE É IMPORTANTE: O REINO (Mc 10, 17-30)
Agência AMP: No evangelho desse domingo um homem rico pergunta a Jesus o que deve fazer para “ter a vida eterna em herança”. O homem é um judeu exemplar, observa todos os mandamentos, não é um hipócrita, mas um crente religiosamente empenhado e sincero. Mas, segundo Jesus, isso não é o suficiente para ele: é capaz de algo mais. Jesus reconhece a sinceridade, a honestidade, a verdade da busca deste homem. Convida-o a integrar a comunidade do Reino. Olhando-o com olhar de amor Jesus indica a subir a outro patamar. Ele chama-o para que o acompanhe em sua missão. “Vai, vende tudo que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu”. Diante disso, o homem desanima: é rico demais. Apesar de toda a sua boa vontade, não está preparado para a exigência deste caminho e afasta-se triste. Ele não tem coragem para renunciar às suas seguranças humanas, aos seus esquemas feitos, aos bens terrenos que lhe escravizam o coração. A sua incapacidade para assumir a lógica do dom, da partilha, do amor, da entrega, tornam-no inapto para o Reino. O Reino é incompatível com o egoísmo, com o fechamento em si próprio, com a lógica do “ter”, com a obsessão pelos bens deste mundo. Quem não é capaz de renunciar aos bens passageiros deste mundo: ao dinheiro, ao sucesso, ao prestígio, às honras, aos privilégios, a tudo isso que prende o homem e o impede de dar-se aos irmãos, não pode integrar a comunidade do Reino. O discípulo que quer integrar a comunidade do Reino deve estar sempre numa atitude radical de partilha, de solidariedade, de doação. Vender todas as coisas e doar os valores aos pobres significa abandonar as falsas seguranças das riquezas e das posses e assumir a itinerância do seguimento de Jesus. Deus nada tem contra o dinheiro, porém a posse dos bens, podem nos fechar a seu amor gratuito, a sua salvação. O coração poderá se encher de coisas, e não mais ter espaço para a graça e a bondade de Deus. A vida eterna é sempre um dom gratuito de Deus, fruto da sua bondade, da sua misericórdia, do seu amor pelo homem, no entanto, é um dom que o ser humano aceita, acolhe e com o qual se compromete. Podemos levar vidas religiosamente corretas, frequentar a Igreja, dar o nosso contributo na comunidade, ocupar lugares significativos na estrutura paroquial, mas, se o nosso coração vive obcecado com os bens deste mundo e fechado ao amor, à partilha, à solidariedade, não podemos fazer parte da comunidade do Reino. “Então, quem pode ser salvo? perguntam os discípulos espantados. Jesus responde que a salvação, não é mérito do homem, mas é dom de Deus. “Aos homens isso é impossível, mas não para Deus”. A salvação não é mérito do ser humano, não pode ser “comprada” a custas de boas obras, ela é puro dom de Deus. Porém, aqueles que largaram tudo por amor a Cristo e evangelho terão o cêntuplo, embora com perseguições, e no fim, a vida feliz junto de Deus, disse o mestre. A vida eterna não consiste em fazer, mas em seguir e estar com Jesus. Eis a grande transformação que Jesus vem provocar. Não se trata primeiro de fazer esforços para obedecer a mandamentos, trata-se primeiro de entrar numa relação de amor com Jesus. Mais profundamente ainda, trata-se primeiro de descobrir que Jesus, nos ama. Descobrir que todos os bens materiais nunca poderão preencher esta necessidade vital para todo o homem de ser amado. Ser amado e amar, eis a prioridade, o bem absoluto de todos os seres humanos.
Por: Pe. Reginaldo da Silva
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