Lincoln Vieira Tavares
Encontramos, no Antigo Testamento, dentro da Lei Mosaica,
expressões apropriadas à civilização da época.
Por exemplo, tratando-se de um povo que vinha do politeísmo,
adorando e buscando servir a vários deuses, acostumado a fórmulas impositivas, natural que as
determinações de Moisés fossem em sentido impositivo também.
Por exemplo, no livro Levítico, o terceiro do chamado
pentateuco atribuído a Moisés, que trata principalmente dos rituais, e também
no Deuteronômio, o quinto livro, espécie de código penal, iremos ler sempre a colocação da palavra NÃO, ou seja, “não
se deve fazer, não pode, etc.”
Nos chamados Mandamentos da Lei de Deus, que está em Êxodo, o
segundo livro pela ordem, vamos achar também: “não furtar, não cometer adultério, não matar, etc.”
Vejamos com Jesus, já uma civilização um pouco mais
avançada, estudando o Novo
Testamento, a expressão SIM,
no sentido do que se deve fazer.
Por exemplo, “Ama a teu próximo, perdoa as ofensas, vai e
não peques mais, etc.”
Evoluindo para a Doutrina Espírita, que surgiu no século 19,
o chamado das luzes, com Allan Kardec, percebemos que não se diz “não”, nem “sim”, nada proíbe, nem
determina que se faça, mas coloca as questões como opções, a fim de que através
de nosso livre arbítrio, façamos, ou não.
Exemplificando: “reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua
transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações”.
Ou mesmo: “espíritas, amai-vos, e instruí-vos”... ou então: “fora da caridade não há salvação”.
O que se percebe é que nada é impositivo, é como se
colocasse à disposição de todos nós uma opinião, algo para reflexão...
Pretendemos ser verdadeiros espíritas? Gostaríamos de fazer
a caridade? Vamos estudar? Amar ao próximo, como a nós mesmos?
Podemos decidir se assim o quisermos.
Poderíamos pensar que agora como participantes do
espiritismo, isentos do NÃO de Moisés e até do SIM
de Jesus, através das colocações evangélicas, estaríamos livres de tantos compromissos.
Pelo contrário, quando algo é colocado para nossa decisão,
sem ameaças ou determinações, como a Doutrina Espírita faz, torna-se muito mais
difícil, porque descobrimos que somos donos de nosso destino, cabendo a cada um
seguir um caminho, ou outro, estando em jogo nossa própria evolução espiritual.
Melhor então que sigamos essas sugestões, que se forem
adiadas, nossa caminhada se tornará mais
difícil, ao longo da eternidade.
Que sejamos firmes em nossas decisões, amparados pela luz do
evangelho e pelo raciocínio que nos oferece a Doutrina Espírita.
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